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Mostrando postagens de junho, 2007

O CAMINHO DO CINEMA

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A televisão ligada. Luz e imagem. No canto direito o braço de um violão. Uma bolsa desfocada atrás. À esquerda o som, a mesa, à direita, o armário. Mosquitos invisíveis. Alguns versos, saem palavras. Um papel jogado, ao lado um abajur. Unhas compridas e sujas. Cigarro aceso na mão esquerda Entre os dois dedos levantados para cima. Paz e amor. Coisas. Parede cinza, janela fechada. Nuvens de fumaça. O som da Bethânia anos 80. Som de fundo, a trilha sonora... Todos os caminhos, todos. (Célia Demézio)

LUGAR-COMUM

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bastou arrancar plumas, pompas pesadelos pelos pele arquitetura de esqueletos fazendo fogo com o roçar dos ossos bastou cravar no desalinho o fio tênue e reto do compasso delineou-se um outro tecido cravado pela distância o que se perde é o que não se é (Claudia Ferrari) http://automoveisepoemas.blogspot.com/

LOTADO DE CONTRADIÇÃO E ARBITRARIEDADE O HUMANO

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Se eles querem assistir ao menininho sem braços e pernas na tevê, ou anomalia outra qualquer como espetáculo, deixem que eles assistam, porque assim não reconhecerão nada além do grotesco e não reivindicarão por nada além do grotesco. Se vocês acham que existe uma inversão de valores, saibam que estão todos vocês enganados. Para eles não há valores, porque retiramos isto deles. E como não há valores, não há como reivindicar por eles.Assim o mundo deles é uma ilusão construída com o propósito de mantê-los a nós submetidos. Porque o mundo real não lhes pertence. Nós somos os donos do mundo, nós legislamos e ditamos o que é certo e o que é errado. Porque eles nada sabem além do simulacro que inventamos para eles. A verdade está conosco, mas eles preferem acreditar nas mentiras que contamos para eles. E eles são felizes em sua ignorância. E eles nos agradecem por serem felizes. Porque nós demos a eles algo para acreditar. Porque nós retiramos deles o peso do livre-pensar. Porque não há liv

MÁQUINA ALGUMA DE POUPAR TEMPO

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Máquina alguma de poupar trabalho Eu fiz, nada inventei, Nem sou capaz de deixar para trás Nenhum risco donativo Para fundar hospital ou biblioteca, Reminiscência alguma De um ato de bravura pela América, Nenhum sucesso literário ou intelectual, Nem mesmo um livro bom para as estantes - apenas uns poucos canto vibrando no ar eu deixo aos camaradas e amantes. (Walt Whitman )

ESPAÇO CURVO E FINITO

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Oculta consciência de não ser, Ou de ser num estar que me transcende, Numa rede de presenças e ausências, Numa fuga para o ponto de partida: Um perto que é tão longe, um longe aqui. Uma ânsia de estar e de temer A semente que de ser se surpreende, As pedras que repetem as cadências Da onda sempre nova e repetida Que neste espaço curvo vem de ti. (José Saramago) Gentil colaboração de Lee

ROBSON QUALÉ?

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Navego nos mares, Neste vai e vem, Nestas dores felizes, Nisto tudo. Passo torta e balançada Na pancada da onda. Quase me afogo. Todos os dias tento nadar, Dizem ser muito simples. Na areia da praia Os peixes fritos Borbulham na frigideira. E eu navego. Um porto de entrada Escrito não tem saída, É o que nos avisa. Sexta-feira de tênis, Sábado ando descalça. Eu navego. A bússola ao oeste Perdida. Ninguém se acha. Do mar vai e vem a sensação Do eterno. (Célia Demézio)

O RISCO

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Aos poucos bordei a toalha. As flores nasceram frágeis e cresceram em ponto cruz no retângulo. Um pano branco passivo no tempo. Ao fundo a música de Bizet tocava as batidas dos saltos de Carmem. Um touro passou por minha sala. Acompanhei com o olhar o quadril elegante do bailarino no dourado das suas calças. Não atendi a chamada do interfone. Meus lábios entreabertos olharam o vazio. Agora eu terminara de bordar. Pouco restou da vida que brilhava lá fora. A árvore da felicidade na sala insistia em crescer, apesar do pouco que eu fazia por ela. De vez em quando me lembrava de regá-la. Peguei a linha amarela para guardar e não me dei conta da pressão na panela. O tomate congelava na geladeira, assim como os legumes, o queijo e os líquidos. Fora descongelada no último final de semana, mas eu não me entendia com a graduação na qual deveria animá-la. Seria perto do dois ou perto do off? A segunda-feira pegou-me de jeito e fiz dela o possível. Não foi hoje que marquei de ir ao cinema? Como p

Vida me carrega no ar como um gigantesco abutre

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(...) minha dor é um anjo ferido de morte você é um pequeno deus verde & rigoroso horários de morte cidades cemitérios a morte é a ordem do dia a noite vem raptar o que sobra de um soluço (Roberto Piva ) http://www.roberto_piva.blogger.com.br/index.html

SEM GELO, POR FAVOR!

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“ De algum modo, o mundo tinha ido longe demais, e a bondade espontânea jamais poderia ser tão fácil. Era algo por que teríamos de tornar a batalhar”. ( Hollywood – Charles Bukowski) Éramos quatro doidões, sabia que algo dentro de mim me sacolejava a alma. Minha boca super seca, e podia sentir a tensão subindo pela minha espinha. Uma espécie de viagem para o inferno. Só posso me lembrar das casas deixadas pra trás, um vento correndo em meu rosto, a máquina a 200 por hora. Maurão acendeu o cachimbo de crack, enquanto um negão de bermuda, que falava um monte Caralho! Onde foi parar?!, ao meu lado catava pedrinha por pedrinha em baixo do banco traseiro. Passei a mão no nariz, e senti aquele liqüido frio descer até a ponta do meu lábio superior. Aquelas pedras me anestesiaram emocionalmente e eu só podia estar vendo era um filme super 8, pois tudo me parecia P&B. O bom e velho Joe Cocker dos anos 70 ao vivo na maior altura, no toca-fita do Palium vermelho zerinho do Maurão. Aquela rouq
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As dores do outro não são minhas. É meu o mar que vejo e o sol que me brilha. As dores do outro se derramam em mim E acolho o Deus que existe no outro em mim. O outro em mim não me pertence e vergo meu ser Para entender em mim a dor que dói sem doer. (Zezé Goldschmidt )

VAMPKLAUSS III

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Eu sempre acho uma surpresa presa no fundo do baú. As janelas estão para o alto E a fumaça do cigarro navega no horizonte. Teleplay não me diz muita coisa, Já estou muito cansada para dormir. Volta ao mundo num balão, Porque o mundo está de cabeça para baixo. Levanta Lázaro! Minha ingenuidade virou estupidez: tudo tem seu preço. Fora as baixarias do Chacrinha nada se cria. Tudo se copia. Corrente de oração para os desesperados. Depois das sete não estarei, ficarei contando carneirinhos, Enquanto o lobo não vem, enquanto não sou de ninguém. Enquanto as grades forem de ferro, A minha estará azeda, meu bem. Para cortar os pulsos e você me sugar. Eu vou virar vampira, Sem o dente do juízo para me aconselhar. (Célia Demézio)