“Vai meu coração ouve a razão Usa só sinceridade Quem semeia vento, diz a razão Colhe sempre tempestade” (Antonio Carlos Jobim / Vinicius de Moraes) ...com ele, como ele fosse uma criança, rolando os dois juntos na sala, ela dando uma bronca em tom de brincadeira. Estão se divertindo. Ele morde sua perna, mas não para machucar. Prende a perna, mas não arranca pedaço. Ele na verdade, não põe as mandíbulas, e sim os dentes inferiores, que são menores. É para brincar, mas não para machucar. Ela pega pelas suas orelhas, beija, e o chama de negão. Tanto cumplicidade ou mesmo amizade, que não se encontra mais. Ela quer cair fora de São Paulo, sacou desde o começo que aqui é outra história. As luzes, brilhos, vida digna, aqui, é para poucos. Hoje a vida tá uma merda. É ser escrava do tempo, esse que já está prestes a desaparecer, sem emprego, não se tem hora, não se tem compromisso, não se tem nada. Dia-a-dia que tudo está bem mais difícil... Acordo, lavo o rosto, bebo água, e vou fumar um...