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Mostrando postagens de 2010

EMBARAÇO

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Brejas geladas, quero dizer qualquer coisa Que puxe assunto, que prolongue a vida... Não comento a novela das oito, é um embaraço não saber quem matou quem. Vou aproveitar e acender um cigarro lá fora E tomar um pouco de ar... Por aqui as coisas andam agitadas, E monótonas demais. Todo mundo corre demais... Preciso lembrar que dia é hoje, Ter um calendário novo. Ando um tanto esquecida, Mas é coisa que acontece... Continuo a ouvir os Beatles e Luiz Gonzaga... Lembra os velhos tempos? Com alguns downloads ressucita-se os mortos. Brejas geladas, vamos começar de novo? (Célia Demézio)

CALAFRIOS

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Conversas inúteis, surpresas desagradáveis, Luzes piscando, contagem de tempo. Cansaço eterno, filmes trash, O nono capítulo, guichê fechado. Prazeres online, impressora quebrada, Senha confirmada, samba da alvorada. Concursos públicos, papéis empilhados, Tempo perdido, ônibus atrasado. Saldo insuficiente, noites de insônia, Silêncio esquisito, vidros quebrados. Fins de semana, dores de cabeça, Preto no branco, paciência esgotada. Ascendente astrológico, previsão de chuva, Cheques compensados... Então, melhor molhar a garganta. O dia está quente demais, e já estamos suando frio... (Célia Demézio)

ROTINAS E RETICÊNCIAS

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Vejo coisas qeu nem existem... Troco letras... Tropeço nas esquinas... Calo por indisposição... Faço flerte com o dia Quando saio pela manhã... Tudo tem aparência de novo. Parece não sei o quê... Uma fórmula para sorrir, ...Não ter razão para chorar... Devo uma grana para minha analista. Volta o calor, retorna o frio... O clima não tem previsão. Hoje foi surpresa... Continuo a flertar com o dia... Porque à noite os bares flertam comigo. Cervejas geladas, conhaque com limão... (Célia Demézio)

A Mulher de Todos - Parte 1 de 8

Filme: A Mulher de Todos Ano: 1969 Diretor: Rogério Sganzerla MULHER DE TODOS Eu sou uma pessoa de idéias Eu sou uma bitolada. Mas o que vale é a intenção Pra não ficar calada. Você acredita em Deus? Quer ir comigo a Ilha dos Prazeres? O nosso caminho é no Arquipélago da Saudade. Faz tempo que a gente não se vê! Não se vê... O que eu queria mesmo era fazer poesia Sem ter que roubar carros. Mas tudo é tudo tão difícil, A gente tem que andar, Cria calos. Minha paixão por você Aumenta de 3 em 3 minutos... Eu sou uma pessoa de idéias De como viver um próspero futuro. Cinema, Rádio e Televisão... Eu vejo isso e tudo mais. Alguém também já ouviu. A vida sempre está em cartaz. Tá em cartaz... (Célia Demézio)

LÁ VEM A GENTE DESCENDO A LADEIRA

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Passando as horas... Lá se foi mais um cigarro, entre tantos outros. Lá se foi todas as cervejas, latas, plásticos e paciência para reciclagem... Mais um playlist, off, pause e vibrações sonoras... Lá se foi a conexão, caiu e se esparramou no chão. Talvez uma massagem faça bem... Serve também um beijo na boca e palavras obscenas ao pé do ouvido. Troco um papo na internet sobre novos sons, Novos projetos, novos caminhos... Tudo tão novo que brilha na tela do monitor... Agora são toques virtuais. Performances visuais, tudo bonito de se ver... Artistas, intelectuais, feitiches...Feira Moderna. E lá se foi a prosa, Porque o Cravo brigou com a Rosa... (Célia Demézio)

Hsssss

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Te colocar contra a parede, Mas que sede... O calor aumenta nessas regiões, Onde estamos sujeitos às chuvas e trovoadas... Essa umidade sugere esconderijos E sorrisos leves pela manhã... Sim! Pode passar... agora tudo está vermelho! Não tem vinho nem lareira... Apenas no pé do ouvido um demoniozinho. Aqui e acolá... (Célia Demézio)

APOSTA

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Que tenha alívio imediato, Que não venham as dores de cabeça. Que sobre um pouquinho no fundo do copo, Que faça sol para secar as meias... Que não haja reclamações no final do expediente, Que acabe o tédio nas noitadas cheias de enxurradas. Que se propague inteligência, e muita dose de boa vontade... Que com ferro fere está perdido, Porque nas pontas de seus dedos nada é mais sentido. Pelas nossas unhas, pelas nossas sinusites, bronquites e esquisitices. Pelos nossos pesadelos, pelos nossos delírios... (Célia Demézio)

CARA OU COROA

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O passado que se reencontra, O futuro que espera já cansado. Na alegria ou na tristeza, Estamos bem separados. O feriado Nacional, O corte salarial. A febre delirante, O refresco amargo. O brilho das estrelas, O Vulcão extinto. Uma peça que faltava, Os restos mortais. A feira livre, Uma pausa para os comerciais. Um beijo molhado, As visitas indesejáveis. Conselho de quem está agora fora do trilho: Nunca dê ouvidos a estranhos... (Célia Demézio)

VAMPKLAUSS V

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Sinceramente Não sei o que os canalhas fazem na hora do almoço. Se comem caviar ou engolem nossos pescoços. Sinceramente, Não sei se a Justiça é cega de verdade. Tenho minhas dúvidas sobre a razão e a piedade... E com elas vou vivendo, Dando meu sangue e meus cartões de crédito. Falaram tanto Que tenho vertigens ao ver televisão. Sinceramente, Como pedaços de alho para me proteger, Todos os Santos Dias... (Célia Demézio)

AO FUSCA COM CARINHO...

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Há uma professora que trago na memória, e era de Inglês e Português. Ela fazia questão de pouco sorrir, mostrava-se totalmente impecável em suas vestimentas e seu carro, um fusca bege, parecia sempre brilhar. Ninguém ousava conversar em sua aula, sob pena de levar o maior sermão de sua vida, na frente de todos os colegas de classe. Ela transmitia ser uma pessoa extremamente culta, que nunca cometia erros em sala de aula, e ninguém era louco de apontar um. Sem chance... Eu mesmo sofri duros golpes com ela, pois no antigo ginásio, não fui das alunas mais exemplares, e com duas repetências, era muitas vezes, o seu alvo. Alunas como eu, para essa professora, era o verdadeiro exemplo de fracasso. Nunca ousei responder a suas grosserias, mas no fundo de minha mente perversa de adolescente, imaginava riscando seu belo fusca bege. Outros, na surdina, tiveram coragem, deixando a mestre totalmente enfurecida, a ponto de cuspir fogo em todos os alunos. Parecia o dia do juízo final. Mas, eu nunc

TEMPERATURA BAIXA

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Nesta madrugada As coisas tentam se arrumar, Meio sem jeito pelos cantos, Notícias urgentes e panos quentes. E uma enorme dor de cabeça começa a manifestar... Se sofro de tédio Nada a fazer. Os prédios são maiores do que eu. Milagres, curas, impressões digitais. Um novo som que não surge, A água do macarrão fervendo, E as cervejas me ressecando... Estamos em greve. Se sofro de tédio Nada a fazer. Os prédios são maiores do que eu. (Célia Demézio)

Interiorização

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Por dentro muita fossa Por dentro sentindo Por dentro de assuntos interessantes Por dentro chorando por dentro (Célia Demézio)

COMPOSIÇÕES

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Pessoas pelas ruas, Pessoas que correm o tempo todo... Cansa tanta aflição. Sol que arde... quem fez este inferno? Formas estranhas de se sorrir... é de verdade? Chuva forte que vem por aí...tudo vai melhorar... É um risco acreditar...mas NAVEGAR é preciso... Porque senão ninguém consegue mais acordar todos os dias. O último copo de cerveja... Gente se dispersando, voltando aos seus respectivos buracos... Desejos da pele não combina com filas de supermercado... Indiferença e as novas regras da sobrevivência... Falsas delicadezas lambuzando o saco de alguém... Tristeza de domingo, Olhos se fechando, Filme bom de madrugada... A gente se conforma e engorda... Quem vai entender a lógica das mercadorias e futuros? Tudo eu queria cantar, por alguns minutos... Dois acordes, traduzir tantas dissonâncias... É... tudo eu queria dizer...por alguns minutos. Encaixar uma melodia para essa simples associação de idéias, E se mera colaboradora dos psicanalistas de plantão... Quem sabe consigo fazer po

TOM WAITS

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Enquanto minha alma não explode... Cervejas de madrugadas e cigarros após as refeições. Sem conseguir dizer qualquer besteira, Recordo-me do passado, me emboloro Nesse verão tão estranho do século 21. E vou realizando algumas tarefas, Sem vontade nenhuma de dizer sim... Mas, troco minha má vontade Pelo ar da Bahia engarrafado... E assim, galgo os edifícios altos desta baixada santista... Trépida de medo e enjoo... E o que mais posso fazer? Já chorei até o amanhecer... Dei sorrisos crônicos para meus mil parentes... Tomei ácido e visitei cemitérios... O jeito é esperar a chuva passar, Desejando boa sorte a todos as pessoas de bem e de mal comigo. Me recolhendo nos inferninhos... Batucando meus dedos nas toalhas de mesas sujas do Saloon. (Célia Demézio)