A máscara

Eu sei que há muito pranto na existência, 
Dores que ferem corações de pedra,
E onde a vida borbulha e o sangue medra, 
Aí existe a mágoa em sua essência.
No delírio, porém, da febre ardente 
Da ventura fugaz e transitória 
O peito rompe a capa tormentória 
Para sorrindo palpitar contente. 
Assim a turba inconsciente passa, 
Muitos que esgotam do prazer a taça 
Sentem no peito a dor indefinida.
E entre a mágoa que masc’ra eterna apouca 
A humanidade ri-se e ri-se louca 
No carnaval intérmino da vida.
(Augusto dos Anjos)
 
 
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