ÓTICA


Lugares pequenos... Os meus sonhos são bem maiores que o mundo...

Toda vida é mais curta que o tempo... Vou caminhar contra o vento...

Chegar elegantemente atrasado...Beber mel e veneno em uma boca...


Libertar-me... Prender meus olhos ao encanto de um amor profundo...

Talvez haja alguma tristeza nos labirintos escuros desse pensamento...

Eu vou sorrir... Vou fingir que a tal felicidade não é uma risada louca...


Juventude é uma beleza eterna na lembrança... Brincarei até a tarde...

Guardarei as memórias... Esconderei a dor nas almas dos brinquedos...

Vou sangrar o sol... Gosto da chuva leve molhando os meus cabelos...


Fecho os olhos, não gosto deste escuro... O céu, distraído se encarde...

As nuvens são levadas pelo vento que passou leve entre meus dedos...

Tenho uma formiga nas mãos... Há arrepios que nunca ouso contê-los...


Vou soprar de volta esse vento que me desequilibra... Só um assovio...

A distração é mesmo uma forma de magia... Vêem encantos em tudo...

Nesse mundo tão distraído tenho um sonho que teimando ainda existe...


Canto as canções esquecidas... Esquecer a bomba... O fogo no pavio...

Quero gritar na missa... Vou contar meus segredos sujos a um mudo...

O silencio é para sábios... Dançam os alegres... A musica é tão triste...


Descansar... Os meus pés doem tanto, vou correr em direção inversa...

Os calos nas mãos não me deixam sentir a textura fina e suave da flor...

Lembrei-me da ultima primavera... Os perfumes de um dia ensolarado...


Fazer festa... Comprar os amigos, vender o dinheiro e trocar conversa...

Aniversario... Vou gastar todo o meu salário e me alegrar com toda dor...

Vinho... Goles de vinho... Quero sentir vivo o meu coração anestesiado...


Taças quebradas, tontura, vomito e gargalhadas... A vida é uma piada...

Cacos refletem os raios de luz, mas meus olhos permanecem no escuro...

A embriagues distorce o mundo ou apenas a visão?... Não sei o correto...


As loucuras só não tem fim quando estou sóbrio... Mais uma gargalhada...

Eu vejo no fundo do poço ou do copo uma sombra rala deste tal futuro...

A verdade embriagada de enganos, cercada por altos muros de concreto...


Sinto-me seguro aqui dentro de mim... Não podem me tirar daqui agora...

Foi frio e solitário... Ainda não entendo o silencio e os gritos da parede...

Dormir agora... Acordar amanhã bem cedo... O trabalho que me aguarde...


Ligo meu despertador... Tomo um copo d'água... Está tudo bem lá fora...

Sinto um gosto amargo na ponta da minha língua... Há uma outra sede...

O coração às vezes bate violento e dói... Me dói mais quando não arde...


(Vidamorte)

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